Friday, January 28, 2011
Globeleza: eu num quero mais
Essa semana, estava almoçando num restaurante perto do trampo e a tevê estava ligada. De repente, entrou no ar a vinheta da Globeleza.
Era janeiro (ainda). Era duas da tarde. Aquilo me deu uma preguiça... Tudo bem, sei que Carnaval é cultura, que mulher pelada é redundância no Brasil e que em março vem mais, muito mais.
Mas, acho ridículo aquela mulher sambando sem roupa, toda pintada, de saltão e sorrisão, para crianças, donas de casa, desocupados e gente que tem uma horinha de almoço. Especialmente num país onde buscamos ser reconhecidas por outras questões, que não seja peito e bunda (e ausência total de barriga).
Pronto, falei.
Tô exagerando?
Thursday, January 27, 2011
Iemanjá Coco Chanel
Eu achei a ideia ótima, e tinha que dividir. A Iemanjá, de vestido longo preto salpicado de logos Chanel, é criação do meu amigo mais talentoso, o Felipe Morozini.
A Iemanjá Coco Chanel vai decorar o lounge do site Glamurama na São Paulo Fashion Week, a partir de amanhã, sexta-feira 28. "São dois ícones, um da cultura pop brasileira e outra da moda mundial", disse o Fê, que assina a cenografia da sala.
A Iemanjá Coco Chanel vai decorar o lounge do site Glamurama na São Paulo Fashion Week, a partir de amanhã, sexta-feira 28. "São dois ícones, um da cultura pop brasileira e outra da moda mundial", disse o Fê, que assina a cenografia da sala.
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Tuesday, January 25, 2011
A versão do homem que atirou em Maria da Penha
A história de Maria da Penha, apesar de triste e lamentável, é uma lição de vida. E, a reportagem de Solange Azevedo sobre o ex-marido dela é um banho de jornalismo. Importante, necessário.
Vinte e oito anos depois, a minha colega da IstoÉ ouviu pela primeira vez o economista colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, o homem que destratou, agrediu, atirou e aleijou Maria da Penha.
Ele dá a sua versão dos fatos, mas não consegue nos convencer a detestá-lo menos. (Pelo menos, não convenceu a mim).
Tem que ler: "A Maria da Penha me transformou num monstro" .
Vinte e oito anos depois, a minha colega da IstoÉ ouviu pela primeira vez o economista colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, o homem que destratou, agrediu, atirou e aleijou Maria da Penha.
Ele dá a sua versão dos fatos, mas não consegue nos convencer a detestá-lo menos. (Pelo menos, não convenceu a mim).
Tem que ler: "A Maria da Penha me transformou num monstro" .
Eu protesto!
É um absurdo que a mulher ainda precise fazer cara de mau para ser respeitada no trabalho.
Este final de semana, uma amiga querida esteve em casa e me contou sobre sua rotina no set de filmagem, desde que se tornou diretora. Eu, apesar de não ter me surpreendido tanto, faço questão de pontuar. Em protesto!
Antes de tudo uma breve introdução: conheço essa amiga há quase dez anos. E, pelo que lembro, desde então, ela trabalhava como assistente de direção. No ano passado, ela conseguiu, depois de muita luta, apesar de seu talento, conquistar o cargo de diretora. Se ela fosse homem, digo sem medo de errar e apoiada em estatísticas, ela teria chegado lá antes.
Bom, ela me contou que, numa filmagem, ela se dirigiu à sua equipe e passou as instruções para que a cena pudesse ser gravada. Ninguém prestou a atenção. A cena de caos, típica dos sets, continuou como se ela fosse invisível. Como se paredes de vidro - aqui uma humilde referência ao "teto de vidro", metáfora que explica a dificuldade da mulher de ascender profissionalmente - abafasse as sua palavras.
Passada, ela pediu para que o diretor - homem - que dividia o cargo com ela, desse as mesmas ordens, no mesmo tom de voz. O efeito foi o oposto. Como num passe de mágica, toda a equipe parou para ouvi-lo, se organizou e a cena pôde ser rodada. Senti muito por ela, e por todas nós também.
Minha amiga é doce. É educada. É mulherzinha. Mas também é talentosa, competente, forte. Acontece que ela, assim como eu, não quer se transformar num homem de saias, que fala grosso para se fazer ouvir. Assim como as feministas do chamado pós-feminismo, acreditamos que o primeiro passo foi conquistar espaço no mercado, e que o segundo, é aumentar esse contingente e ascender profissionalmente, sendo mulheres, mulherzinhas, com todos os nossos defeitos e qualidades. Os homens que me desculpem e tenham paciência, mas queremos poder ficar irritadas e chorosas alguns dias do mês, porque isso faz parte da nossa biologia e temos esse direito. Queremos ser mãezonas e tratar a nossa equipe com afeto. Queremos poder levar os nossos filhos febris no médico num dia normal de trabalho. Tudo isso, entre outros comportamentos e necessidades tipicamente femininos. Minha amiga está, sim, conquistando o seu espaço. Mas, tudo isso exige demais.
O nosso desafio é esse: chegar lá, apesar de mulheres e como mulheres. Bora?
Este final de semana, uma amiga querida esteve em casa e me contou sobre sua rotina no set de filmagem, desde que se tornou diretora. Eu, apesar de não ter me surpreendido tanto, faço questão de pontuar. Em protesto!
Antes de tudo uma breve introdução: conheço essa amiga há quase dez anos. E, pelo que lembro, desde então, ela trabalhava como assistente de direção. No ano passado, ela conseguiu, depois de muita luta, apesar de seu talento, conquistar o cargo de diretora. Se ela fosse homem, digo sem medo de errar e apoiada em estatísticas, ela teria chegado lá antes.
Bom, ela me contou que, numa filmagem, ela se dirigiu à sua equipe e passou as instruções para que a cena pudesse ser gravada. Ninguém prestou a atenção. A cena de caos, típica dos sets, continuou como se ela fosse invisível. Como se paredes de vidro - aqui uma humilde referência ao "teto de vidro", metáfora que explica a dificuldade da mulher de ascender profissionalmente - abafasse as sua palavras.
Passada, ela pediu para que o diretor - homem - que dividia o cargo com ela, desse as mesmas ordens, no mesmo tom de voz. O efeito foi o oposto. Como num passe de mágica, toda a equipe parou para ouvi-lo, se organizou e a cena pôde ser rodada. Senti muito por ela, e por todas nós também.
Minha amiga é doce. É educada. É mulherzinha. Mas também é talentosa, competente, forte. Acontece que ela, assim como eu, não quer se transformar num homem de saias, que fala grosso para se fazer ouvir. Assim como as feministas do chamado pós-feminismo, acreditamos que o primeiro passo foi conquistar espaço no mercado, e que o segundo, é aumentar esse contingente e ascender profissionalmente, sendo mulheres, mulherzinhas, com todos os nossos defeitos e qualidades. Os homens que me desculpem e tenham paciência, mas queremos poder ficar irritadas e chorosas alguns dias do mês, porque isso faz parte da nossa biologia e temos esse direito. Queremos ser mãezonas e tratar a nossa equipe com afeto. Queremos poder levar os nossos filhos febris no médico num dia normal de trabalho. Tudo isso, entre outros comportamentos e necessidades tipicamente femininos. Minha amiga está, sim, conquistando o seu espaço. Mas, tudo isso exige demais.
O nosso desafio é esse: chegar lá, apesar de mulheres e como mulheres. Bora?
Friday, January 21, 2011
Homens de batom: e aí, vai encarar?
Batom vermelho em boca de homem pode?
A ousadia chamou a atenção no desfile de Vivienne Westwood, na Semana de Moda de Milão, essa semana. Cheios de marra, modelos de boca vermelho-escuro, vermelho-sangue e rosa apresentaram a coleção outono 2011 da estilista, uma senhora nada convencional, no auge de seus de 69 anos, cabelos de fogo e atitude punk - que alimenta desde os anos 60, quando assinava os figurinos do Sex Pistols. O efeito foi incrível, forte, teatral.
Mas, e na vida real, pode? Só a possibilidade já rende polêmica. Uma colega disse: "não, ne-em pen-sar! Simplesmente, não rola". Outra disse, "olha, se o cara for gato, pode ser interessante. Mas, uma brincadeira, não sempre. Imagina você se lambuzar com um batom que não é seu?", lançou, descabelando os próprios cabelos com as mãos. É, pode ser uma.... Não sei.
Em princípio, não me animo muito. Faço o tipo tradicional, prefiro uma barba mal-feita, uma cabeleira desgrenhada, um ar machão, a la Javier Bardem. E, nenhum batom. Acho que, sei lá, eu ficaria meio confusa.
Mas, que fique bem claro, nada contra os homens que pretendem aderir à onda. Nem, as mulheres, que encararem beijá-los. Gosto da ideia ser aceita por outras pessoas, é moderno, é divertido, é justo. Seria hipocrisia eu lutar por direitos iguais entre homens e mulheres e condenar o homem que quer carregar no make.
A verdade é que o que se viu na passarela de Mrs.Westwood é somente um passo além do que já se vê nas ruas. Ano passado, fiz uma matéria sobre homens que usam maquiagem para a IstoÉ. E quando digo homens falo de homossexuais e de héteros também. Ou seja, o que parecia completamente inviável para uns, se tornou realidade para outros. Assim, de uma hora para a outra. A diferença é que, na matéria, a maioria deles prefere os tons pastéis.
Expert em lançar tendências, mais uma vez Vivienne Westwood jogou a isca. Só o tempo dirá se ela será fisgada ou permanecerá à deriva.
Thursday, January 20, 2011
Melhores amigos que a vida afasta
Sou do tipo de mãe que sofre até mesmo na felicidade do filho, porque tem medo que o sentimento vá embora e que o coração dele aperte. Sei que sou exagerada, por isso tento me policiar. Dia desses, controlei a mexicana que vive dentro de mim, e fiz cara de sueca, quando uma funcionária da escola dele me contou que os seus dois melhores amigos, o Kevin, e o Pedro, não renovaram a matrícula para 2011. O Kevin, o melhor dos melhores amigos, deve ir morar na zona leste e o Pedro, em Cotia, ela disse, sem emoção. O Chico e o Kevin são amigos desde o primeiro dia do Chico na escola. Meu filhote chegou choroso de chupeta, um bebê de dois anos. O Kevin, que tem um ano a mais que o Chico, e começou a frequentar a escola dois anos antes, foi quem o acolheu na turma. É um menino querido, que o acalmou, pegou na sua mão e o levou para brincar. Lembro que o Kevin me trouxe tranquilidade, o sentimento de que aquela fase de adaptação passaria rapidamente, natural. Se tornaram amigos, parceiros, até dividiram a mesma namoradinha, sem estresse algum. O Pedro também é um fofo. Foram os dois amigos que o Chico escolheu convidar para a última festinha de aniversário dele lá em casa. Agora, durante as férias, o Chico sente falta dos amigos. E, está louco para mostrar a mochila nova de rodinha do Homem-Aranha para o Kevin, que tem uma do Batman. Em uma fração de segundo, toda a amizade do meu filho com o Kevin veio à minha cabeça, em forma de trailler, e me arrasou. Até agora não tive coragem de contar a ele que ele não terá mais o seu primeiro e único melhor amigo como colega de classe, especialmente no ano que começará a aprender a escrever. Me consolo pensando que o Chico saberá enfrentar essa e outras perdas. Afinal, não dizem que a vida é feita de perdas e que temos de aprender a lidar com elas? Prometo que farei de tudo para reunir os meninos em casa, sempre que possível.
Wednesday, January 19, 2011
Cisne branco Vs. Cisne negro
Antes mesmo de chegar aos cinemas do Brasil, o filme "Cisne Negro", de Darren Aronofsky, com Natalie Portman, tem rendido muito bafáfá. Quem não leu que Natalie Portman e Mila Kunis se beijam ardentemente depois transam? Que Natalie se masturba? Que ela está incrivelmente sexy? Enfim.
Assisti o filme e isso foi o que menos me impressionou - talvez por eu ser mulher, e não homem. Como mulher, o que mais pegou para mim foi o desafio lançado à personagem de Natalie, a bela, frágil, problemática e frígida Nina Sayers.
Numa montagem de Lago dos Cisnes, a bailarina foi desafiada a ser a mocinha, no caso, o cisne branco, e a vilã, o cisne negro, na mesma apresentação e com igual perfeição. As personagens são antagônicas do princípio ao fim. Uma é certinha, correta, travada, a própria Nina. A outra é espontânea, sem pudores, atirada, bem parecida com Mia. No clássico, o cisne negro rouba o príncipe do cisne branco, que se mata.
A pergunta que fica, e que desencadeou todo o drama psicológico da pobre Nina, é: afinal, é possível que sejamos protagonista e antagonista, bem e mal, travada e atirada, em igual profundidade? Talvez. Eu, por exemplo, ainda não cruzei com tal desafio. Mas, tenho medo de imaginar.
ONU Mulheres: vale a pena
Na tentativa de entrevistar Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e diretora executiva do UN Women (ou ONU Mulheres), estive navegando no site do órgão, que foi criado recentemente. Há muitas informações sobre a questão da mulher no mundo. Vale a pena.
Assisti a um video/documentário sobre as mulheres no Haiti, pós-terremoto. Vivendo em péssimas condições, em acampamentos improvisados, elas - e suas filhas - estão sujeitas a ataques violentos. Sim, haitianos, se aproveitam de sua vulnerabilidade - e de seu país - para violentá-las e matá-las. O exército da ONU no país faz o que pode, mas está longe de ser o suficiente.
Mais uma vez a sensação que dá é que a história se repete. Me lembrei do filme "Diamante de Sangue" (aquele com o ator Leonardo de Caprio), sobre a guerra civil de Serra Leõa. Ele também mostra o lado desalentador dos assentamentos de refugiados, que crescem desordenadamente e expõem a segurança de quem deveria estar protegido.
Assisti a um video/documentário sobre as mulheres no Haiti, pós-terremoto. Vivendo em péssimas condições, em acampamentos improvisados, elas - e suas filhas - estão sujeitas a ataques violentos. Sim, haitianos, se aproveitam de sua vulnerabilidade - e de seu país - para violentá-las e matá-las. O exército da ONU no país faz o que pode, mas está longe de ser o suficiente.
Mais uma vez a sensação que dá é que a história se repete. Me lembrei do filme "Diamante de Sangue" (aquele com o ator Leonardo de Caprio), sobre a guerra civil de Serra Leõa. Ele também mostra o lado desalentador dos assentamentos de refugiados, que crescem desordenadamente e expõem a segurança de quem deveria estar protegido.
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Tuesday, January 18, 2011
O "puder" de Lea T.
Esqueça Gisele Bündchen. A mulher mais poderosa dos últimos meses na moda é a modelo transexual brasileira Lea T. Quem bom! Será que, ao menos no mundinho, onde cabeças costumam ser mais abertas, o preconceito contra pessoas como ela começa a ser deixado de lado?
Linda, sensual, misteriosa e com um irresistível ar melancólico - de quem já deixou claro que não acredita na própria felicidade -, Lea T. é um case de sucesso. Recomendo a entrevista feita com ela pela Vanity Fair e reproduzida na Marie Claire aqui no Brasil.
Filha do ex-jogador da Seleção Brasileira Toninho Cerezo, ela não é aceita de bom grado pela família. Ao menos, por parte dela. Há algum tempo, à trabalho, liguei para Cerezo, pedindo para falar de Lea - nascido Leandro -, e ele simplesmente não retornou.
Na Itália, onde cresceu e recebeu educação graças ao emprego do pai, é modelo e estilista e caiu nas graças de Riccardo Tisci, aplaudido diretor de criação da Givenchy. Fotografou e desfilou para a grife e estourou.
Este mês, entrou no ranking do site Models.com (40ª posição) e estampa a capa da revista Love, que sem dúvida ficará para a história. Lea T. e Kate Moss (na minha opinião, a maior top ever) protagonizam um super beijo, numa imagem P&B, simples, chique, sexy e rock and roll - tudo que as duas, Lea e Kate, são.
Ainda pouco conhecida dos brasileiros, Lea T. deve dar o que falar por aqui muito brevemente. E sua explosão tem data e hora para ser deflagrada. No próximo sábado 29, às 16h, ela desfila a coleção feminina de Alexandre Herchcovitch na São Paulo Fashion Week. Nada mais justo, já que o estilista começou a sua carreira assinando looks para transexuais e prostitutas do baixo Augusta, em SP.
Quem sabe Lea T., com todo o seu poder, se torne a embaixadora da causa dos transexuais no Brasil? Quem sabe as pessoas não vejam que um transexual pode ser, especialmente se não houver tanto preconceito e asco em seu entorno, mais do que prostitutas?
A história de Lea T. me fez lembrar a de Marci Bowers, que entrevistei no ano passado - uma das entrevistas que mais gostei de fazer. Americana, ela nasceu menino e sempre quis ser menina. Conseguiu e hoje é a maior cirurgiã de troca de sexo dos Estados Unidos e, acredito, do mundo.
Não é possível que Lea T. esteja certa sobre a sua infelicidade predestinada.
Linda, sensual, misteriosa e com um irresistível ar melancólico - de quem já deixou claro que não acredita na própria felicidade -, Lea T. é um case de sucesso. Recomendo a entrevista feita com ela pela Vanity Fair e reproduzida na Marie Claire aqui no Brasil.
Filha do ex-jogador da Seleção Brasileira Toninho Cerezo, ela não é aceita de bom grado pela família. Ao menos, por parte dela. Há algum tempo, à trabalho, liguei para Cerezo, pedindo para falar de Lea - nascido Leandro -, e ele simplesmente não retornou.
Na Itália, onde cresceu e recebeu educação graças ao emprego do pai, é modelo e estilista e caiu nas graças de Riccardo Tisci, aplaudido diretor de criação da Givenchy. Fotografou e desfilou para a grife e estourou.
Este mês, entrou no ranking do site Models.com (40ª posição) e estampa a capa da revista Love, que sem dúvida ficará para a história. Lea T. e Kate Moss (na minha opinião, a maior top ever) protagonizam um super beijo, numa imagem P&B, simples, chique, sexy e rock and roll - tudo que as duas, Lea e Kate, são.
Ainda pouco conhecida dos brasileiros, Lea T. deve dar o que falar por aqui muito brevemente. E sua explosão tem data e hora para ser deflagrada. No próximo sábado 29, às 16h, ela desfila a coleção feminina de Alexandre Herchcovitch na São Paulo Fashion Week. Nada mais justo, já que o estilista começou a sua carreira assinando looks para transexuais e prostitutas do baixo Augusta, em SP.
Quem sabe Lea T., com todo o seu poder, se torne a embaixadora da causa dos transexuais no Brasil? Quem sabe as pessoas não vejam que um transexual pode ser, especialmente se não houver tanto preconceito e asco em seu entorno, mais do que prostitutas?
A história de Lea T. me fez lembrar a de Marci Bowers, que entrevistei no ano passado - uma das entrevistas que mais gostei de fazer. Americana, ela nasceu menino e sempre quis ser menina. Conseguiu e hoje é a maior cirurgiã de troca de sexo dos Estados Unidos e, acredito, do mundo.
Não é possível que Lea T. esteja certa sobre a sua infelicidade predestinada.
Monday, January 17, 2011
Abaixo à picuinha!
É incrível como mulher se envolve com picuinha! Fiquei de cara com uma nota na coluna "Brasil Confidencial", da IstoÉ, que diz que a toda-poderosa da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), Solange Vieira, demitiu a faxineira que limpava a sua sala porque ela, diz Solange, usou um creme de cabelo seu. Os aeroportos mergulhados no mais profundo caos, e a Solange preocupada com seu creme de cabelos? E, como assim, manter esse tipo de produto no gabinete? Além disso, Solange tem um cabelo lindo. Então, deveria ficar envaidecida de a faxineira querer ter os fios como o dela. Bom, eu acho. Para com isso, Solange. Você é uma das poucas brasileiras a ocupar cargos de chefia. Tem a obrigação de dar o exemplo. O episódio seria mais um a ilustrar a matéria "O lado perverso da relação entre mulheres", que escrevi para a IstoÉ, e está na edição desta semana nas bancas. O livro "Twisted Sisterhood", da americana Kelly Valley, mostra a partir da experiência da própria autora, que tem uma história de tirar o fôlego, e de dados - pouco surpreendentes (pelo menos para mim), mas ainda assim chocantes - como as mulheres são capazes de ser cruéis contra outras mulheres. É polêmica das boas.
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Thursday, January 13, 2011
Ingrid Newkirk: Entrevista com a fundadora da PETA para a IstoÉ
No post "Eu, meu peru, meu peru e eu", fiquei devendo a entrevista que fiz para a IstoÉ com a britânica Ingrid Newkirk, fundadora da ONG PETA. A conversa foi publicada na edição desta semana da revista e está disponível no site, que tem até videozinho produzido por Izadora Rodrigues. Não sou vegetariana, apesar de ter sido por alguns meses durante uma viagem à Índia e na volta ao Brasil em 2004. Tudo começou mais por falta de opção, do que por convicção. Mas, depois de entrevistar a Ingrid e assar um peru, parei pra pensar e até hoje estou mexida. A entrevista é polêmica, nem todos concordam. Mas, quem alimenta o mínimo interesse pelo assunto, vai gostar de ler.
Que a Mrs. Ingrid não me ouça, mas a minha breve experiência como vegetariana teve um final tragicômico. Como me senti bem no período que não comi carne na Índia, ao chegar no Brasil, disse para o amigo que morava comigo, o Felipe Morozini, que eu seguiria vegetariana. Ele, que também já tinha ido para a Índia, virado vegetariano e desistido depois, preferiu não comentar. Três meses se passaram. Eu continuava longe das carnes, sem esforço ou drama. Até o dia que eu, conversando com esse amigo na cozinha, ataquei o salaminho com limão que ele petiscava enquanto cozinhava. Eu, concentrada no papo, nem percebi. Comi um, dois, três, vários. O Felipe não aguentou. Soltou uma gargalhada e me perguntou: "ainda é vegetariana?". Eu não acreditei no que tinha feito. Não respondi. Só continuei comendo o salaminho. E, não tocamos mais no assunto. Tenho certeza que pelo menos ele me entendeu.
Que a Mrs. Ingrid não me ouça, mas a minha breve experiência como vegetariana teve um final tragicômico. Como me senti bem no período que não comi carne na Índia, ao chegar no Brasil, disse para o amigo que morava comigo, o Felipe Morozini, que eu seguiria vegetariana. Ele, que também já tinha ido para a Índia, virado vegetariano e desistido depois, preferiu não comentar. Três meses se passaram. Eu continuava longe das carnes, sem esforço ou drama. Até o dia que eu, conversando com esse amigo na cozinha, ataquei o salaminho com limão que ele petiscava enquanto cozinhava. Eu, concentrada no papo, nem percebi. Comi um, dois, três, vários. O Felipe não aguentou. Soltou uma gargalhada e me perguntou: "ainda é vegetariana?". Eu não acreditei no que tinha feito. Não respondi. Só continuei comendo o salaminho. E, não tocamos mais no assunto. Tenho certeza que pelo menos ele me entendeu.
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Monday, January 10, 2011
O Deus das pequenas coisas
Anos depois de voltar da Índia e de ler (melhor: de devorar) "O Deus das Pequenas Coisas", reencontrei o livro, cheirando a pó e a incenso (cheiros tipicamente indianos, por sinal), na bagunça da mesa do escritório do meu marido.
Olhei para ele e me lembrei que foi o melhor livro da minha vida, e que ainda é.
Resgatei-o da bagunça, limpei a poeira. E, ao abri-lo, fechei os olhos, respirei fundo e deixei o cheiro de Nag Champa me transportar para aquele país distante, tão incrível, sedutor, único.
Estou devorando "O Deus", mais uma vez. E, a cada trecho, me pergunto "como pode Arundhati Roy escrever tão bem?! Meu Deus!"
Gosto muito desse trecho. A irônia é impagável.
"Ammu teve uma cerimonia de casamento completa, estilo Calcutá. Depois, relembrando aquele dia, Ammu deu-se conta de que o brilho ligeiramente febril nos olhos do noivo não tinha sido de amor, nem de excitação pela perspectiva de felicidade carnal, mas sim devido a cerca de oito grandes doses de uísque. Puro. Sem gelo".
O livro cheirando a incenso, lançado em 1997, ganhou o Booker Prize.
Dessa vez, fui atrás de mais informações sobre Arundhati Roy, uma indiana bem-educada nascida em Kerala. E, descobri uma entrevista dela ao Salon.com, onde ela diz que nunca reescreveu ou revisou os seus textos. Eu acredito. São tão sinceros, passionais, viscerais, que reescrevê-los mais de uma vez faria com que perdessem a força.
O livro fala da paixão, e de tudo que ela acarreta, entre um homem e uma mulher de diferentes castas. De um carpinteiro intocável e da filha de um comerciante. Mas, o mais forte é a história de amor e de perda de uma mãe e de um casal de gêmeos crianças, Estha e Rahel. Tudo gira em torno da morte da pequena Sophie Mol. É uma tragédia, em meio à beleza (da paisagem, da inocência infantil...)
É uma pena, Arundhati Roy, que descobri ser uma das principais ativistas anti-globalização do mundo, não ter escrito mais romances. Mas, não tem problema. Ela já deu o seu recado.
Olhei para ele e me lembrei que foi o melhor livro da minha vida, e que ainda é.
Resgatei-o da bagunça, limpei a poeira. E, ao abri-lo, fechei os olhos, respirei fundo e deixei o cheiro de Nag Champa me transportar para aquele país distante, tão incrível, sedutor, único.
Estou devorando "O Deus", mais uma vez. E, a cada trecho, me pergunto "como pode Arundhati Roy escrever tão bem?! Meu Deus!"
Gosto muito desse trecho. A irônia é impagável.
"Ammu teve uma cerimonia de casamento completa, estilo Calcutá. Depois, relembrando aquele dia, Ammu deu-se conta de que o brilho ligeiramente febril nos olhos do noivo não tinha sido de amor, nem de excitação pela perspectiva de felicidade carnal, mas sim devido a cerca de oito grandes doses de uísque. Puro. Sem gelo".
O livro cheirando a incenso, lançado em 1997, ganhou o Booker Prize.
Dessa vez, fui atrás de mais informações sobre Arundhati Roy, uma indiana bem-educada nascida em Kerala. E, descobri uma entrevista dela ao Salon.com, onde ela diz que nunca reescreveu ou revisou os seus textos. Eu acredito. São tão sinceros, passionais, viscerais, que reescrevê-los mais de uma vez faria com que perdessem a força.
O livro fala da paixão, e de tudo que ela acarreta, entre um homem e uma mulher de diferentes castas. De um carpinteiro intocável e da filha de um comerciante. Mas, o mais forte é a história de amor e de perda de uma mãe e de um casal de gêmeos crianças, Estha e Rahel. Tudo gira em torno da morte da pequena Sophie Mol. É uma tragédia, em meio à beleza (da paisagem, da inocência infantil...)
É uma pena, Arundhati Roy, que descobri ser uma das principais ativistas anti-globalização do mundo, não ter escrito mais romances. Mas, não tem problema. Ela já deu o seu recado.
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Thursday, January 6, 2011
O drama da mulher contemporânea
Tenho a noção de que as mulheres são dramáticas por natureza. É um drama arrumar o emprego que sonha, o homem da vida. É um drama decidir se, ou quando, engravidar. É um drama escolher a cor do sapato para sair de casa. Enfim. Mas, acredito que o maior dos dramas da mulher contemporânea é encontrar a pessoa certa para cuidar de seu(s) filho(s) para poder ir trabalhar, tranquila de que sua cria está bem cuidada, bem tratada, que continua protegida. E, esse sim, é um drama real, não um problema imaginário.
Como confiar em alguém para ter a chave da sua casa, passar boa parte do dia lá, e cuidar do bem mais precioso de nossas vidas, os nossos filhos, que são mais importante do que qualquer emprego, qualquer pessoa, qualquer tudo? Quem não tem família depende de um estranho. E depender de estranho é absurdamente assustador.
Fora o medo, está cada vez mais difícil encontrar alguém para trabalhar em casa de família. Pela primeira vez, tive a real impressão de que o Brasil está se tornando um país melhor para viver. Até pouco tempo, filhas de empregadas domésticas se tornavam invariavelmente empregadas domésticas, como num disfarçado regime de castas indiano. Não tinham opção, tinham de ajudar em casa, e para isso acabavam largando a escola para nunca mais voltar. De poucos anos para cá, com a ajuda do governo, as famílias mantêm as crianças nas escolas. Elas conseguem outros empregos e com R$ 200 fazem uma faculdade. Ou seja, têm curso superior, (ainda) uma chance concreta de crescer na vida.
Uma colega de trabalho, muito sabiamente, preveu que se o rumo continuar esse, as mulheres brasileiras que trabalham fora, e não têm com quem deixar os filhos, terão de apelar para babás bolivianas. Eu fico muito feliz de o país ter mudado para melhor. Mas, ao mesmo tempo, me sinto completamente sozinha na luta que é ser mulher nos tempos de hoje.
(O desenho é de uma ilustradora chamada Aline)
Como confiar em alguém para ter a chave da sua casa, passar boa parte do dia lá, e cuidar do bem mais precioso de nossas vidas, os nossos filhos, que são mais importante do que qualquer emprego, qualquer pessoa, qualquer tudo? Quem não tem família depende de um estranho. E depender de estranho é absurdamente assustador.
Fora o medo, está cada vez mais difícil encontrar alguém para trabalhar em casa de família. Pela primeira vez, tive a real impressão de que o Brasil está se tornando um país melhor para viver. Até pouco tempo, filhas de empregadas domésticas se tornavam invariavelmente empregadas domésticas, como num disfarçado regime de castas indiano. Não tinham opção, tinham de ajudar em casa, e para isso acabavam largando a escola para nunca mais voltar. De poucos anos para cá, com a ajuda do governo, as famílias mantêm as crianças nas escolas. Elas conseguem outros empregos e com R$ 200 fazem uma faculdade. Ou seja, têm curso superior, (ainda) uma chance concreta de crescer na vida.
Uma colega de trabalho, muito sabiamente, preveu que se o rumo continuar esse, as mulheres brasileiras que trabalham fora, e não têm com quem deixar os filhos, terão de apelar para babás bolivianas. Eu fico muito feliz de o país ter mudado para melhor. Mas, ao mesmo tempo, me sinto completamente sozinha na luta que é ser mulher nos tempos de hoje.
(O desenho é de uma ilustradora chamada Aline)
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Monday, January 3, 2011
Andar com fé
Primeiro post do ano. Não tem como não falar de fé. (Lembrei de "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá"). O burburinho ficou por conta do horóscopo de janeiro da americana Susan Miller. Afinal, eu, depois dos 30, e de conhecer o trabalho dela, estou querendo acreditar nas complexas conjunções astrais e nas suas influencias na Terra. Mas, ainda assim, me sinto ridícula escrevendo sobre isso... Enfim, suas previsões são extremamente positivas (pelo jeito, para todos os signos) e provocam a sensação de que devemos botar fé, porque fazem sentido, combinam com a gente. Foi o assunto do dia no trabalho. Não deixa de ser uma boa maneira de se começar o ano, pelo menos para aqueles que já estão de volta ao batente, que não ganharam na mega sena da virada e que continuam sonhando com uma casa na praia, viagens pelo mundo e com mais tempo com o(s) filho(s). Afinal, 2011 precisa ser ainda melhor.
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