Thursday, February 24, 2011

A virada que tarda, mas não falha


Até recentemente, ele era apenas o amigo invejoso de um super herói (ele interpretou Harry Osborne, o filho do Duende Verde, no primeiro filme da trilogia "Homem Aranha"). Mas, de repente, James Franco desabrochou. Agora, o ator americano é o atual sonho de consumo da mulhereda, da imprensa e da indústria do entretenimento e do cinema. Está no ar, no filme 127 Horas, de Danny Boyle, sobre o alpinista Aron Ralston. Foi indicado ao Oscar (pelo filme). Vai apresentar o prêmio (ao lado de Anne Hathaway), representando a nova leva de atores jovens em ascenção em Hollywood. E foi eleito pela Time o homem mais "cool" de 2011. Sua história e personalidade foram expostas e dissecadas. Há perfis dele por toda a parte, em revistas internacionais, nacionais. Ele, de repente, se tornou talentoso, charmoso, desejável, celebridade. Afinal, atua, escreve, pinta (e borda).
O que mais me chamou a atenção foi o fato de que, antes do filme que divide a sua carreira entre antes e depois, ele teve uma tremenda crise profissional. É como se tivesse talento, tesão, vontade, empenho e, ainda assim, inexplicavelmente, ele não acontecia e a sua carreira não decolava. E os anos iam se passando. E todo o seu esforço era em vão. (Isso me lembra tantas histórias de colegas talentosos, que vêm a sua carreira passar sem sobressaltos, enquanto tanta gente medíocre chega lá. "Life is unffair"). Então, Franco desanimou. Mas, não parou. Se matriculou em seis cursos diferentes, em seis universidades americanas. CDF, frequentou e ainda frequenta colleges do nível da Universidade de Yale - uma das mais cabeçudas dos EUA e do mundo. E, como num passe de mágica, quando desencanou, ele estourou.
A vida é mesmo surpreendente - e inspiradora. A inspiração do momento é James Franco.   

Wednesday, February 23, 2011

A lição que fica da Mãe Tigre


Nas últimas semanas, li o livro e uma série de resenhas de “Battle Hymm of the Tiger Mother” (Hino de Batalha da Mãe Tigre).
Divido com as mães modernas a lição que tirei dessa imersão profunda no universo de Amy Chua.


Como educar os filhos? Soltar ou prender? Estender a mão ou deixar tropeçar? Quando (e quanto) elogiar e cobrar? Em crise, os pais tendem a seguir a cartilha do politicamente correto, e respeitar a personalidade, individualidade e ritmo de suas crias. Mas, seus filhos parecem cada vez mais indisciplinados, desestimulados e perdidos. O que fazer agora? É nesse contexto que surge Amy Chua, uma advogada sino-chinesa, casada, mãe de duas adolescentes e professora da Universidade de Yale, que lançou nos Estados Unidos o livro “Battle Hymm of the Tiger Mother” (Hino de Batalha da Mãe Tigre), com previsão de lançamento para o segundo semestre no Brasil. Ao relatar as pretensões que alimenta para as filhas e os métodos usados para chegar lá, ela sugere adotar a rigidez extrema num sistema draconiano. Mas, deste lado do planeta, ecoar os tambores de Amy seria puro desespero.
O livro é um escândalo sob a óptica ocidental. Ao educar as filhas, Sophia e Louisa, hoje com 18 e 15 anos, ela segue a lógica chinesa de disciplina, a qual foi submetida na infância e que é dissecada em outros livros de “parenting” (criação). E acrescenta requintes de crueldade de assinatura própria que poucos teriam coragem de admitir. Amy tinha pânico de que as filhas, beneficiadas pelo sucesso profissional dos pais e avós chineses nos Estados Unidos, se acomodassem. A Mãe Tigre acredita que só a dedicação máxima livrará as filhas do declínio, motivo de vergonha ao povo chinês. E que sucesso é, por exemplo, tirar sempre nota dez, estar dois anos à frente de seus colegas de classe, não assistir tevê, não jogar videogame, não dormir na casa dos amigos, não ter o direito de escolher as próprias atividades extracurriculares, não participar de nenhuma atividade que não possa lhe render uma medalha, de ouro, no caso, e tocar piano e violino (como profissionais). Para que seus anseios fossem alcançados, ela tomou as rédeas da educação das filhas e as ensinou pessoalmente o que elas não viam na escola, pelo menos não com tal precocidade. Com 18 meses, enquanto os colegas começavam a contar até dez, Sophia sabia somar, subtrair, multiplicar, dividir, frações e decimais. Aos três anos, a menina lia Sartre e tocava Schumann. A relação de Amy com as meninas é pautada pelo medo e pela agressividade (quando insatisfeita, a mãe chama as filhas de lixo). São raras as manifestações de afeto. Sempre que supervisionava a prática de piano das meninas, ela destilava comentários do tipo. 1) Meu Deus, você piora a cada dia! 2) Eu vou contar até três e quero música! 3) Se a próxima vez não for perfeita, EU VOU JOGAR TODOS OS SEUS BICHOS DE PELÚCIA E ATEAR FOGO! Por tudo isso, Amy inflamou ânimos e, inclusive, foi ameaçada de morte.
Apesar de o “fim” parecer louvável (as meninas têm currículos escolares brilhantes, e aprovam o comportamento da mãe, ao menos publicamente), os “meios” não podem ser recomendados. Especialmente porque não se sabe o tamanho do impacto de tais ações nas meninas. Segundo um estudo do Centro de Controle e Prevenção dos EUA, o risco de suicídio entre universitários chega a ser três vezes maior em descendentes de asiáticos.
Isso não significa que os argumentos de Amy, pelo menos em alguns momentos, não flertam com a racionalidade ocidental. Quando ela diz que as filhas não têm o direito de escolher a sua atividade extracurricular, ela defende que ninguém gosta de nada que não domina. Que a prática leva ao sucesso e ao prazer. Pode ser. Mas, vale a pena privar uma criança de fazer o que gosta? Ao forçar a filha a estudar apenas piano e violino, ela pode ter minado um talento nato para, por exemplo, o teatro e a sua felicidade.
Ainda assim, a mãe oriental deixa às ocidentais algo a se inspirar. Ela sonhou com o futuro das filhas, e se empenhou para que elas chegassem lá. Amy participava das aulas de música das meninas e sentava para estudar junto. Dedicava horas de seu dia a ensiná-las inglês, chinês e matemática. Fiscalizava tarefas e cobrava resultados. Um estudo revela que as mães chinesas dedicam dez vezes mais tempo à educação de seus filhos do que as americanas. E, olha que a história de Amy não dá brecha para a desculpa preferida das mães ocidentais que trabalham fora de que não têm tempo. Da mesma forma que se debruçava com unhas e dentes sobre a educação de suas filhas, ela se dedicava à sua carreira (é autora de aclamados livros de Direito Internacional). Ela, inclusive, deveria escrever um livro sobre como é capaz de fazer isso.
No livro, Amy confessa que acha esquisito os pais aplaudirem os filhos por tarefas banais e conclui que, além de querer mais para os seus rebentos, os chineses têm mais noção da real capacidade das crianças. O desafio é encontrar o meio termo. Não pegar tão pesado, nem errar tanto, mas também não minimizar o potencial de nossos filhos, nem deixar de estimulá-los nós mesmos. A impressão que fica é que o sucesso dos filhos é proporcional ao empenho dos pais. E que eles podem chegar lá, por mais distante que sua estrela estiver.
(Foto: Wall Street Journal)   
  

Absurdo elevado à milésima potência


Até quando o trabalho da polícia será pautado no abuso de poder e na covardia? A suposta culpa no cartório da escrivã Vanessa se tornou secundária depois de um vídeo, onde ela é despida a força por delegados da corregedoria da polícia civil do Estado de São Paulo. O nome dos delegados é Eduardo Henrique de Carvalho Filho, que estava no camando e fazia questão de repetir isso, e Gustavo Henrique Gonçalves.
O vídeo choca. Tira o ar. Deprime. Durante gravação de 13 longos minutos (a versão original tem quase 50 minutos), disponível no YouTube, essa mulher é pressionada, constrangida, se desespera, e não tem para quem ligar. Imagine uma situação na qual precisa-se de ajuda mas não pode chamar a polícia? Parece filme de suspense, de quinta categoria.
Com o vazamento do vídeo, considerado grave pelo Governador Alckmin, os delegados foram afastados. E, não deram as caras até agora. Estão reclusos, protegidos por seus iguais. É pouco.
Na minha opinião, governador, grave mesmo é uma mulher ser sujeitada a esse tipo de tratamento.
E, pior de tudo, é saber que a diretora da Corregedoria da Civil em São Paulo, é mulher. Na época, a Maria Inês arquivou o caso e apoiou os seus homens.

Monday, February 21, 2011

Uma vida sem TPM

Quem tem TPM sabe do que a síndrome é capaz. Muitos homens acham que é frescura de mulher e pretexto para surtos, berros, crises de choro e teorias melodramáticas (sem falar nas dores de cabeça, cólicas e cansaço), mas quem vive na pele, seja a mulher, seja seu parceiro, sabe que ela é capaz de destruir auto-estimas, arruinar relações e criar ressacas morais como poucas.
Nunca subestimei o poder da minha TPM. Sempre soube que ela era capaz de me fazer explodir no trabalho, ofender o meu marido, descontar no meu filho, entre outras coisas mais. Aprendi tudo isso na pele, dolorosamente. Além de ferir a pele alheia. Mesmo assim, por mais que me preparasse para a sua chegada, eu não tinha o menor controle sobre ela. Era como se uma mancha negra nascesse num canto qualquer do meu corpo no domingo anterior à minha menstruação e tomasse conta dele inteiro ao longo da semana. No final, eu era outra pessoa, irritada, sem paciência, agressiva, grossa, infeliz, dark. E pior: que havia marcado inocentes com o meu humor matador. Isso todo santo mês.
Há alguns anos, venho brigando contra o meu instinto mais feminino - o meu lado negro. Depois dos 30 a TPM piorou super. Nessa fase, controlo alimentação, evito café e respiro muito. Quando não é o suficiente (e nunca é), tomo Passiflorine (duas pastilhas de cada vez) para relaxar. Passei a tomar uma pílula. Troquei por outra, daquelas que não paramos de tomar e emendamos cartelas. Nada deu certo.
Recentemente, meu marido elencou as nossas últimas brigas feias. Constatamos que todas, sem excessão, aconteceram durante as minhas TPMs. Ele não tinha paciência e eu achava que ele deveria ter e me irritava ainda mais. Claro que no fundo acho que ele não deveria ter paciência comigo. Foi difícil adimitir que a culpa era minha sim senhor. Dia desses, ele disse que gostaria de tatuar o meu nome no corpo dele. Mas que não faria isso porque sabia que se arrependeria na minha próxima TPM. Nunca quis que ele escrevesse o meu nome na pele dele, mas a confissão me devastou.
Bom, hoje declarei guerra à minha TPM. Em consulta com a minha gineco, decidi que não vou mais menstruar. Em tese, sem menstruação, não há TPM. Tomarei uma pílula especial, sem paradas.
Tenho esperanças de que essa seja a última TPM que estou vivendo. Num quero mais brincar de ser mulher a beira de um ataque de nervos. Não combina comigo.
Me comprometo a escrever no blog sobre o meu primeiro mês de tratamento. Desejem-me sorte.    

Friday, February 18, 2011

Entrevista com Lea T.


Minha colega de editoria, a repórter Patrícia Diguê fez uma entrevista super especial com a modelo transexual brasileira Lea T, que acaba de ser publicada na edição on-line da IstoÉ.
Deixo o link da conversa entre a Diguê e Lea no Moderno porque acredito que conhecimento gera conhecimento e contribui para o fim do preconceito.

Boa Diguê!

"Não é uma vagina que deixa uma pessoa feliz"


Wednesday, February 16, 2011

Quando o cenário não é só de alegria




Na última sexta-feira, a praça Tahrir, no Cairo, foi tomada por uma euforia sem precedentes. Milhares de pessoas nas ruas gritavam, cantavam, dançavam, soltavam fogos. Depois de trinta anos no poder, o ditador egípicio Hosni Mubarack renunciava, em resposta a uma onda de protestos cujo epicentro era a própria praça e movimentou a opinião pública mundial.
A notícia da renúncia, e do alívio do povo, trouxe esperança, não só para os egípcios, mas para simpatizantes de todo o planeta. Eu, no caso, fiquei feliz. Achei uma grande vitória desse povo, tão injustiçado.
Mas, acontece que sexta-feira na Tahrir não teve só comemoração. Teve injustiça também. E crime. Crime contra a mulher, mais uma vez.     
Como mulher e jornalista, não dá pra não se colocar no lugar, sofrer, se revoltar, com histórias como a da jornalista sul africana, radicada nos Estados Unidos, que foi estuprada durante a cobertura dos protestos (e festejos) no Egito.
Lara Logan é uma das mais conhecidas correspondentes internacionais da CBS. De plantão na praça, ela foi separada de sua equipe por um grupo de egípcios, violentada sexualmente e fortemente espancada. Até hoje, está internada num hospital.
Sabemos que os Estados Unidos não são vistos com bons olhos por boa parte do povo egípcio. Sabemos que as mulheres não são tratadas como deviam. Mas, péra aí, começar uma história nova com atos tão repugnantes, vergonhosos, criminosos?
Lara só não foi morta porque um grupo de mulheres e de soldados egípcios a salvou. 

Tuesday, February 15, 2011

Sem-graça


Hoje, uma juíza italiana anunciou que levará o premiê da Itália, Silvio Berlusconi, imediatamente a julgamento. Ele é acusado de incentivar a prostituição de uma menor e de abusar do poder no caso "Rubygate". (Ele teria entregado uma bolsa com 7 mil euros, em troca de favores sexuais, a uma dançarina marroquina, conhecida por Ruby R. Ela diz que só recebeu o dinheiro, que não vendeu o corpitcho. Ele chama isso tudo de "conspiração da oposição").
A iniciativa da juíza é uma resposta aos protestos contra o premiê. Nesta semana, mulheres de 350 cidades da Itália e de outras tantas espalhadas pelo globo levantaram bandeiras contra a postura de Berlusconi.
Eu fico aliviada, afinal já chega de escandalos sexuais por parte desse homem. Mas, não consigo me convencer de que é o inicio do fim de tanta baixaria, desrespeito com a mulher e abuso de poder. O cara é muito sem-vergonha.
O UOL fez uma galeria de fotos das moças envolvidas com o premiê recentemente. Chega a ser divertido de ver, especialmente para quem tem uma quedinha para o trash - eu confesso que tenho -, mas é constrangedor.
Como pode uma pessoa que se dedica tanto à sacanagem estar no poder por mais de 20 anos na Itália? E pior, ser primeiro ministro pela terceira vez?
Alguém joga um balde de água fria nesse homem por favor? 

Friday, February 11, 2011

O melhor (e pior) retrato da violência contra a mulher


Quem não se lembra da capa da Time de agosto passado onde uma jovem aparece num retrato com o nariz mutilado? Pois é, a garota chama-se Bibi Aisha, é afegã, e na época tinha 18 anos.
A foto foi feita pela premiada fotógrafa sul-africana Jodi Bieber, e acaba de ser anunciada como a vencedora nas categorias "foto do ano" e "retrato do ano" do World Press Photo Contest 2010, o mais importante concurso de fotojornalismo.
Ver a foto denovo, é ter o peito dilacerado mais uma vez. A realidade de Aisha é muito triste, assim como de outras centenas, talvez milhares de mulheres afegãs.
Quem não se recorda, Bibi teve as suas orelhas e o seu nariz arrancados com uma faca pelo marido, com a ajuda do cunhado.
Na ocasião, ela estava na casa dos pais dela, pois havia fugido de sua casa, exatamente porque o marido a violentava. O marido e o cunhado contaram com a escolta - e o apoio incondicional - do Taliban.
Atualmente, Bibi mora nos Estados Unidos, onde passou por cirurgias de reconstrução do rosto e recebe apoio psicológico.
Como é possível que os Taliban ainda façam parte deste planeta?
Acho que a premiação se torna ainda mais especial porque foi uma mulher que fotografou uma outra. De um lado, está uma que vive a sua liberdade, tem família, tem profissão. E de outro, uma que não tem nada, nem mesmo o rosto preservado.

Thursday, February 10, 2011

Pernas tatuadas: eu quero!

Eu, que gosto de tatuagem, amei a meia-calça Tattoo Print da Leg Avenue
Não é demais? 
Fica o registro.
A marca americana é encontrada no Brasil, e pode ser comprada on-line.     

Loucurinha de verão

Desde que meu filho nasceu, as minhas loucuras de verão se resumem a fazer um bate-volta para a praia em pleno sol escaldante, como rolou no sábado passado.
Falo loucura porque se dependesse de mim, não iria. Fui pelo maridão e o filhote. Mas, admito, no final das contas foi bacana. Praia, mesmo ruim, é muito bom.
O calor estava saariano. A praia lotada. O mar lembrava o piscinão de Ramos - como era bate-volta não fomos à praia que gostamos.
Foi uma viagem marcante, como disse meu marido. O pequeno voltou com micose na boca, e ele com uma mancha de limão no braço. Eu, nem acredito, saí ilesa.
Curtir o verão não é fácil. Mas, sofrer, facinho. Olha que nem falei do trânsito nos imensos túneis da Imigrantes para chegar à praia. Que calor é esse?!

Wednesday, February 9, 2011

Terrorista fashion


Muito legal o trabalho da artista plástica Laila Shawa, da Faixa de Gaza.
O trampo dela e de outros artistas muçulmanos podem ser vistos na expo "Miragens - Arte Contemporânea no Mundo Islâmico". A mostra abre hoje, dia 9, e fica até 3 de abril, no Instituto Tomie Ohtake, em Sampa.
O trabalho da foto chama-se "Terrorista Fashion" e brinca com a recente adesão dos ocidentais ao kefieh, esse lenço tipicamente islâmico e muito popular em diversos países árabes.
Em 2008, eu escrevi uma matéria para a IstoÉ sobre o kefieh como adereço fashion. O texto conta um pouco do movimento que é retratado com humor no trabalho de Laila.

Thursday, February 3, 2011

Ken 5.0




Na terça-feira 2, o boneco Ken completou 50 anos (no ano passado, a Barbie já havia chegado lá).
E, para celebrar a data, a Mattel lança uma linha nova de bonecos a partir de hoje, numa feira em Nuremberg, na Alemanha.
Com carinha de vinte e poucos, eles continuam sem graça. Isso me fez parar para pensar como seria, de fato, o Ken com cinco décadas de vida. No segundo seguinte, lembrei do desfile da Reserva, na SPFW, que trouxe modelos envelhecidos. Esses sim são os Ken de 50 anos!
Viagem?

A Mulher Maravilha passa o bastão

Esses dias, meu filho me contou que tem um garoto mais velho que leva brinquedos para a escola e que deu "brinquedadas" nele. Eu disse a ele que não deixasse ninguém bater nele, que ele deveria se defender e revidar. Então, ele me perguntou, meio indignado: "bater nele?" Eu disse: "sim. Se ele te bater, você bate". E falei que, se ele precisar de ajuda, ele pode contar com a Mulher Maravilha (quem tem filho menino sabe que falar de super heróis é falar a língua deles). Então, ele me perguntou onde eu escondia a minha fantasia.
É esquisito a gente ter de ensinar o filho a partir para a ignorância. Especialmente porque eu sempre ensinei a ele não bater, conversar, respeitar. Acontece que nem todos agem assim. E eu não quero que meu filho seja saco de pancadas.
Depois conversando com o pai dele, cheguei à conclusão que ele não é capaz de bater em ninguém, pelo menos por enquanto. Nunca levantamos a mão para ele. Ele não tem irmãos. Os primos são mais velhos e extremamente carinhosos. Ele nunca sofreu, nem praticou, nenhum tipo de violência.
Aquilo me deu um aperto. Embrulhou o meu estômago só de pensar que o meu filho tem chances de sofrer porque ensinei a ele agir de maneira civilizada.
Lembrei da minha mãe, que morreu há quase três anos. Lá em casa, era diferente. Era eu e dois irmãos, que sempre nos pegamos nos tapas, murros, empurrões e puxões de cabelo. E, ainda assim, a minha mãe era a nossa Mulher Maravilha.
Uma vez, cheguei em casa dizendo que o menino que sentava atrás de mim na classe ficava me batendo com a flauta da aula de música. Na verdade, eu nem ligava muito, xingava e desencanava. A minha mãe não disse nada. No dia seguinte, ela apareceu na escola na hora do intervalo e me perguntou quem era o garoto. Eu apontei, ela foi lá e deu um esculacho. O garoto nunca mais sequer falou comigo, de medo.
Às vezes, tenho saudades de não ter mais ninguém para partir para a ingnorância por mim. Tão complexo...