Wednesday, February 16, 2011
Quando o cenário não é só de alegria
Na última sexta-feira, a praça Tahrir, no Cairo, foi tomada por uma euforia sem precedentes. Milhares de pessoas nas ruas gritavam, cantavam, dançavam, soltavam fogos. Depois de trinta anos no poder, o ditador egípicio Hosni Mubarack renunciava, em resposta a uma onda de protestos cujo epicentro era a própria praça e movimentou a opinião pública mundial.
A notícia da renúncia, e do alívio do povo, trouxe esperança, não só para os egípcios, mas para simpatizantes de todo o planeta. Eu, no caso, fiquei feliz. Achei uma grande vitória desse povo, tão injustiçado.
Mas, acontece que sexta-feira na Tahrir não teve só comemoração. Teve injustiça também. E crime. Crime contra a mulher, mais uma vez.
Como mulher e jornalista, não dá pra não se colocar no lugar, sofrer, se revoltar, com histórias como a da jornalista sul africana, radicada nos Estados Unidos, que foi estuprada durante a cobertura dos protestos (e festejos) no Egito.
Lara Logan é uma das mais conhecidas correspondentes internacionais da CBS. De plantão na praça, ela foi separada de sua equipe por um grupo de egípcios, violentada sexualmente e fortemente espancada. Até hoje, está internada num hospital.
Sabemos que os Estados Unidos não são vistos com bons olhos por boa parte do povo egípcio. Sabemos que as mulheres não são tratadas como deviam. Mas, péra aí, começar uma história nova com atos tão repugnantes, vergonhosos, criminosos?
Lara só não foi morta porque um grupo de mulheres e de soldados egípcios a salvou.
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