Thursday, February 3, 2011

A Mulher Maravilha passa o bastão

Esses dias, meu filho me contou que tem um garoto mais velho que leva brinquedos para a escola e que deu "brinquedadas" nele. Eu disse a ele que não deixasse ninguém bater nele, que ele deveria se defender e revidar. Então, ele me perguntou, meio indignado: "bater nele?" Eu disse: "sim. Se ele te bater, você bate". E falei que, se ele precisar de ajuda, ele pode contar com a Mulher Maravilha (quem tem filho menino sabe que falar de super heróis é falar a língua deles). Então, ele me perguntou onde eu escondia a minha fantasia.
É esquisito a gente ter de ensinar o filho a partir para a ignorância. Especialmente porque eu sempre ensinei a ele não bater, conversar, respeitar. Acontece que nem todos agem assim. E eu não quero que meu filho seja saco de pancadas.
Depois conversando com o pai dele, cheguei à conclusão que ele não é capaz de bater em ninguém, pelo menos por enquanto. Nunca levantamos a mão para ele. Ele não tem irmãos. Os primos são mais velhos e extremamente carinhosos. Ele nunca sofreu, nem praticou, nenhum tipo de violência.
Aquilo me deu um aperto. Embrulhou o meu estômago só de pensar que o meu filho tem chances de sofrer porque ensinei a ele agir de maneira civilizada.
Lembrei da minha mãe, que morreu há quase três anos. Lá em casa, era diferente. Era eu e dois irmãos, que sempre nos pegamos nos tapas, murros, empurrões e puxões de cabelo. E, ainda assim, a minha mãe era a nossa Mulher Maravilha.
Uma vez, cheguei em casa dizendo que o menino que sentava atrás de mim na classe ficava me batendo com a flauta da aula de música. Na verdade, eu nem ligava muito, xingava e desencanava. A minha mãe não disse nada. No dia seguinte, ela apareceu na escola na hora do intervalo e me perguntou quem era o garoto. Eu apontei, ela foi lá e deu um esculacho. O garoto nunca mais sequer falou comigo, de medo.
Às vezes, tenho saudades de não ter mais ninguém para partir para a ingnorância por mim. Tão complexo...    

3 comments:

  1. Boa Clau, adorei o texto, e isso tb aconteceu comigo, disse para o Vico tb não deixar ninguém bater nele. Como o Chico, ele tb não tem irmãos como nós tivemos e não sabe como é levar beliscões do nada. Mas eu disse a mesma coisa ("empurra o moleque"). Qdo Vina chegou do trabalho me esculachou. Me senti um coco. Bom, chegamos a conclusão que se isso acontecesse novamente era para chamar a professora ... O que é o certo, hum?

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  2. Lindo texto, amiga. Meus olhos se encheram de lagrimas! Complexo tudo isso mesmo. E a vida segue. E a mãe é sempre a mulher maravilha!

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  3. Que lindo, Claudia!
    É muito bom ter alguém disposto a comprar briga pela gente. E mãe faz isso por natureza.
    Mas é complexo mesmo... Ninguém quer que o filho apanhe na escola, mas tb não sei se é bom ensinar a revidar. Acho que pedir ajuda à professora é uma boa saída, desde que ela encarne a Mulher Maravilha também, né?

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