Wednesday, March 30, 2011

Projeto Felicidade


Quem não perguntou a si mesmo se é feliz? Quem não quis perpetuar momentos como o auge de uma paixão correspondida, o mágico nascimento de um filho ou um refrescante mergulho no mar? Quem não se questionou sobre a possibilidade de se sentir bem o tempo todo, 24 horas por dia, sete dias por semana? Todos os mortais.
É comum idealizarmos a felicidade plena, e até suspeitar o que fazer para chegar lá. Mas, acontece que nem sempre vencemos a inércia. Exemplo: temos um emprego que nos faz infeliz e sabemos que precisamos mudar. Mas, ainda assim, por medo, preguiça ou qualquer outro sentimento auto-sabotador, perpetuamos a nossa infelicidade. Um psicanalista me falou, durante uma entrevista, que o maior inimigo da felicidade é exatamente a inércia.
Na semana passada, li o livro "Projeto Felicidade", da americana Gretchen Rubin, que rendeu uma matéria para a IstoÉ. Nele, Gretchen mostra que tinha tudo que precisava (casou-se com o marido que ama, tem duas filhas encantadoras, amigos fieis, emprego que gosta e dinheiro no banco) mas que se sentia irritada e melancólica. No livro, conta o que fez para se sentir feliz full-time, e sugere ao leitor fazer uma auto-análise, desenvolver o seu próprio roteiro e se jogar de corpo e alma.
Apesar de considerar american demais buscar a felicidade através de um projeto, com listas, tabelas, gráficos, diários e prazos (no caso dela, a empreitada rumo à satisfação total levou um ano e continua sendo alimentada), adorei o livro. Acho inspirador uma pessoa vencer a própria inércia, ainda mais em tempos tão enlatados. E se mexer por algo tão fundamental e tão banalizado ao mesmo tempo.
O relato é espirituoso e divertido. E me trouxe alívio ao revelar que a chatice e o descontrole das mulheres contemporâneas estão no seu DNA. (Quem ler, entenderá).
Enfim, foi uma leitura boa, diferente, engraçada, estimulante. Recomendo.

Thursday, March 24, 2011

Fashion victims na C&A

Minha colega Paula Rocha, da baia ao lado, aqui da redação, acabou de me encaminhar uma galeria de fotos feita pelo UOL da pré-venda de peças assinadas pela estilista britânica Stella McCartney para a C&A. As imagens foram feitas ontem cedo no Shopping Iguatemi em São Paulo, e chocam. (Trata-se da segunda pré-venda da coleção para a marca).
As cenas de mulheres chegando cedo - a loja foi aberta às 8h da manhã, duas horas antes do normal, para quem se inscreveu com antecedência no site da marca - esvaziando cabides e levando aos montes é típica de Black Fridays nos EUA. (Até meio-dia a maioria das araras de Stella McCartney estavam vazias).
Detalhe: boa parte das consumidoras fez questão de ir montada dos pés à cabeça de tendências fashion. Afinal, quem não liga tanto para moda, não se prestaria a tamanha função. As colegas insandecidas que me perdoem, mas não existe nada mais cafona do que enfrentar tudo isso pra comprar uma peça McCartney para a C&A, que todas as amigas terão iguais.
   

Tuesday, March 22, 2011

A democracia do estilo


(Legenda da foto: Bem que os especialixtas disseram que o animal print invadiria as ruas)
  
Quem disse que é preciso frequentar desfiles, devorar revistas, ser rato de shopping e investir boa parte do salário em roupas e acessórios para ser ícone de estilo? Nada disso.
Olhem só, esse simpático senhor, flagrado pelo maridão, o fotógrafo André Porto, nas ruas de São Paulo! Tá na cara que ele não é um fashion victim, mas é obvio que tem personalidade.
A invenção mais democrática da atualidade foi o fast fashion, que leva tendências de moda às lojas de departamento e aos camelôs dos Largo da Batata da vida. Claro que dá uma raivinha quando todo mundo na rua usa a mesma roupa que você. Mas, o egoísmo é um predicado ruim de se ter. Então, um brinde ao desapego fashion e ao "tiozinho style".  

Thursday, March 17, 2011

Papo de anjo


Seguindo o conselho da minha colega de trabalho e guru para assuntos de blog, Débora Rubin, vou postar uma de minhas conversas com o meu filho de quatro anos que faz parte da lista de os diálogos mais fofos dos últimos tempos, com certeza.

(A caminho da escola, eu dirigindo, e ele em sua cadeirinha observando o trânsito...)

Ele: Mamãe, quando eu crescer, eu vou ter que casar?
Eu: Não, filho. Só se você quiser... Ainda está muito cedo pra vc se preocupar com isso...
(Silêncio)
Eu: Por que?
Chico: É que eu fico muito nervoso quando penso nisso...  

Wednesday, March 16, 2011

A mãe que se vai


(Foto: a minha mãe amava pintar as unhas do pé de vermelho. Nunca a vi com outra cor)

Quando nossa mãe morre, a gente perde:
- aquela pessoa que podemos ligar a qualquer hora, e chorar qualquer pitanga, que ainda assim receberá apoio
- aquela pessoa que sua história copia
- aquela pessoa que você olha e se enxerga
- aquela pessoa que sempre esteve ao seu lado - literal e figuramente
- aquela entidade, que se mete e opina sobre tudo
- aquela pessoa que te entende e te perdoa, independentemente do que você faz
- aquela pessoa que amamos odiar
- aquela referência que sempre esteve ali, para ser copiada ou rejeitada
- aquela voz
- aquela pele
- aquele cheiro estupidamente familiar
- aquelas mãos que parecem as suas
- aquela pessoa que, de fato, se preocupa com você
Faz dois anos que a minha me deixou. São tantas coisas que se perde, e nada que se ganha.

Cenas que confortam


Em dias melancólicos e cinzentos - como o de hoje, por exemplo -, nada melhor do que uma cena de pureza, ingenuidade e amor protagonizada por crianças.
Lembrei muito do meu filhote, que tem o mesmo astral e uma visão de mundo muito parecida.

Tuesday, March 15, 2011

Tristeza



O terremoto, o tsunami e as complicações na usina nuclear de Fukushima no Japão são muito tristes. Eu, como mãe, me sinto devastada sempre que vejo uma foto de uma criança japonesa numa fila de hospital para ser examinada por contaminação por radiação.
Muitos acreditam que a situação vai piorar. Deve haver mais vazamento radioativo, que deve alcançar cada vez mais gente. Pra onde vão os japoneses, que já se apertam em Osaka, a cidade mais ao sul da ilha e mais longe da usina que podem chegar?
Em caso extremo, a ilha toda pode ser afetada. Pra onde vai toda essa gente? Avós, pais e crianças?
Esperança. É preciso muita.
Uma tragédia como essa deveria, no mínimo, acabar - ou reduzir drasticamente - o número de usinas nucleares no mundo. E esse movimento já está começando. É a única notícia que me alivia um pouco.
Outro fato, quase tão surpreendente quanto a força destrutiva da natureza, é a força dos japoneses. Como são equilibrados e como estão calmos com tudo que vivem e com a perspectiva que tem!
Isso lembra um pouco os relatos de Hiroshima e Nagasaki, pós bomba atômica. Apesar de terem a pele queimada pela radiação, eram raros os casos de japoneses chorando e se lamentando.
Temos muito a aprender com eles - além de muito a ajuda-los. 

Monday, March 14, 2011

De nerd à sexy



(Na foto: Ela era assim, e ficou assada)

Há cerca de cinco anos, entrevistei a Maria Rita para a revista IstoÉ Gente para uma matéria de capa. Apesar de muito bonita, ela era gordinha, usava óculos e, de tão contida e tímida, parecia retraída e intimidada com tudo aquilo que vivia. Parecia não se importar em não reproduzir o biotipo sarado e sensual, e o jeitão despojado e falastrão, das outras cantoras brasileiras (leia-se Ivete Sangalo e Claudia Leitte). Melhor: parecia rejeitar tudo isso, inclusive páginas de revista. Ela era diferente, nadava contra a corrente, gostei.
Mas, é incrível como todas parecem acabar se rendendo ao perfil da mulher matadora, mais cedo ou mais tarde. Será que todas as mulheres, por mais distantes desse estereótipo, no fundo sonham em ter bundão, peitão e zero barriga e em estampar capas de revista? Afe! Mas, não as culpo, afinal a sociedade quer e faz pressão para isso. É complicado.
De uns tempos para cá, Maria Rita emagreceu e ficou sexy (ser jornalista é assim: a gente parece assistir de camarote a transformação dos outros, e se sente à vontade para comentar). Deixou as roupas largonas e abusou dos vestidos justinhos -e curtos. Trocou o jeitão nerd e tímido, pelo de gostosa e poderosa. E, agora, o ápice da metamorfose: estrela seu primeiro ensaio sensual (para a revista Alfa).
Também lembro, que na época da entrevista, ela não falava sobre a mãe. Tinha medo de ser comparada (como não?!). Nem se juntou ao irmão, que é sócio de uma gravadora. Hoje em dia, na Trama, ao lado de João Marcelo Boscoli, ela vai fazer uma série de shows em homenagem à Elis Regina.
Tudo muda nessa vida, eu sei. Mas ainda há coisas que me surpreendem.

Thursday, March 10, 2011

A moda é sempre para elas. Nunca para eles

Depois de dois episódios que vivi recentemente, cheguei à conclusão de que a moda é feita para as mulheres, quase sempre para elas, quase nunca para eles. Acompanhem o raciocínio.
Primeiro, li o texto da papisa fashion Costanza Pascolatto para a Vogue Brasil de março sobre o blog "The Man Repeller". Nele, uma garota de 22 anos de Manhattan, Leandra Medine, mostra através de imagens, onde ela mesma surge como modelo-manequim, que boa parte das tendências da moda são ótimas em espantar homens. Exemplo disso, é a calça saruel.
Tenho que concordar com ela, apesar de amar a calça saruel, tá pra nascer o homem que gosta, acha sexy ou se anime com uma calça largona, esquisita, daquelas. Outro dia estava na rua e presenciei dois caras - bem simplões e, com certeza, nada ligados nas últimas tendências - comentando sobre a saruel de uma garota que passava. "Não vejo a hora dessa calça sair de moda! Parece que a mulherada fez nas calças!", disse um. "Deus me livre", concordou o comparsa.
Assim, como Leandra Medine, acredito que as mulheres cada vez mais se vestem para si mesmas. Dificilmente, uma mulher, que não se sente bem em determinada roupa, vai usá-la só para agradar o seu homem. O sexo oposto que me desculpe mas isso não existe em tempos de emancipação feminina (afinal, seguimos na luta).
Depois, tipo dois dias mais tarde de ler o artigo, meu marido estava folheando um encarte da mesma Vogue, onde uma das chamadas de capa era sobre moda masculina. Ele ficou transtornado. Disse que aquela moda não era para ele e sim para os gays. Calma, não se trata de preconceito. Simplesmente, não dá pra negar que, na maioria das vezes, hétero e gay se vestem de forma distinta. Os heteros são mais conservadores, enquanto os gays são mais modernosos, ousados, têm mais informação de moda e usam isso a ser favor. Uma vez, sai com o marido para comprar um jeans para ele (como já perceberam, ele joga no time dos conservadores). Só encontramos calças skinny, recortadas, cheias de bossa. Nenhuma o agradou.
Constatação feita, nada deve mudar. Eu mesma e a maioria das mulheres continuaremos apaixonadas pelas tendências fashions. E, a indústria da moda, focando nos mais modernos, deixando de lado os mais tradicionais.

Thursday, March 3, 2011

Sailor Jerry


Para quem não sabe, talvez porque não se ligue em assuntos relacionados à tatuagem, Sailor Jerry foi um grande, talentoso, aplaudido tatuador (além de marinheiro, é claro). É o pai da tattoo old skool (tatuagens tradicionais e clássicas) nos Estados Unidos e seus desenhos são reproduzidos ou servem de inspiração para tatuadores nos quatro cantos do planeta até hoje - este ano comemora-se 100 anos de seu nascimento.
Dos anos 20 aos anos 60, ele manteve um estúdio de tattoo no Havaí, mais especificamente em Honolulu (adoro esse nome!). E os marinheiros, que desembarcavam de seu navios, após longas temporadas no mar, corriam para lá. Depois, é claro, de tomar um porre num bar e de tirar o atraso num puteiro. Estúdio, bar e puteiro eram o epicentro de filas imensas de marinheiros felizes de alcançarem terra firme.
No fim de semana passado comprei uma bolsa da marca Sailor Jerry, com desenhos de tattoo, que virou de cara a minha favorita. Eu acho ele demais, seus desenhos incríveis. Só lamento que os produtos Sailor Jerry, objetos de desejo de quem curte tatuagem old skool, não sejam vendidos no Brasil nas mesmas quantidades e opções que existe nos Estados Unidos. Lá, é possível encontrar de camisas e vestidos a joias e garrafas de rum.
Para quem se interessar, dá pra ter uma ideia do trabalho e dos produtos Sailor Jerry no site oficial do tatuador, onde tem lojinha virtual. Vale a pena ler o perfil do cara. Ou tentar descolar o documentário "Hori Smoku Sailor Jerry" que conta a sua história. Eu ainda não vi, mas quero muito.

Wednesday, March 2, 2011

Mais sobre caso da escrivã


Semana passada, escrevi um post sobre a escrivã que foi despida à força por delegados da corregedoria da polícia civil em SP.
Ao lado das minhas colegas de IstoÉ, Solange e Diguê, fiz uma matéria sobre o caso.
À quem interessar:
Barbárie na delegacia

Lição de paternidade




Como entusiasta de Lea T. (não é a primeira, nem a segunda vez que dedico um post a ela), fiquei extremamente emocionada com o artigo do pai dela, Toninho Cerezo, sobre ela nesta edição da revista Lola.
Toninho ainda não havia se pronunciado sobre a transexualidade da filha, nem sobre seu sucesso internacional no mundo da moda. O que acabou dando ideia, e levantando rumores, de que ele não aceitava a filha transexual.
Mas não era nada disso. Seria um comportamento muito simplista, frente a complexidade da paternidade, especialmente numa situação como essa.
O texto de Toninho é uma lição sobre o que é ser pai, e uma amostra do que é amor incondicional, especialmente para aqueles que ainda não tiveram a satisfação de experimentar.
Adorei quando ele escreveu "meu menino, minha menina".
Mandou bem, Toninho! Lea T. merece.