Monday, April 11, 2011
A proibição do véu na França
Hoje foi o primeiro dia da proibição do uso do véu islâmico na França. E, duas mulheres foram presas usando o niqab - aquele que cobre o rosto e só deixa os olhos de fora. A polícia diz que as deteve porque elas protestavam sem autorização prévia da prefeitura local. Mas, eu acredito, e não sou a única, que o motivo da prisão foi a ousadia que elas praticaram. Uma ousadia enorme, visto que são mulheres árabes lutando por seus direitos - ou por sua ausência de direitos. Ai, complexo... Imaginem: apesar da lei, elas foram às ruas exigir a liberdade de usar o véu num país não-árabe.
Com a lei, a mulher muçulmana que usar qualquer tipo de véu será multada em 150 euros (ou R$ 345) e quem a obrigá-la terá de desembolsar até 30 mil euros (R$ 68 mil) e poderá amargar até 1 ano de prisão.
É até engraçado falar em "liberdade de usar o véu". Afinal, para nós ocientais, não tem nada que inviabilize mais a liberdade de uma mulher, de ser e de fazer o que quer, do que andar enrolada em panos. Além disso, eu me pergunto: essas mulheres estavam lá porque queriam ou por livre e espontânea pressão de seus pais, irmãos e maridos?
Lendo o livro de uma escritora árabe dia desses, eu soube que muitas mulheres árabes que residem em outros países têm escolhido usar o véu como maneira de exigir respeito, como uma forma de protesto. Ou seja, isso seria uma opção delas, uma bandeira a se defender. É como se dissessem "somos diferentes, temos a nossa identidade, por mais problemática que seja, e vocês devem nos aceitar. Estamos aqui e não vamos ser o que não somos". O uso espontâneo do véu teria aumentado após os atentados terroristas de 11 de setembro.
Quando o assunto é o véu islâmico, penso como os franceses - um plebiscito no ano passado revelou que 57% deles eram a favor da lei que proíbe o véu. É complicado um país que se diz ancorado na "liberdade, igualdade e fraternidade" tolerar o uso de um símbolo da submissão feminina.
Mas, continuo lamentando a situação dessas mulheres. Como podem ir às ruas em nome de algo que representa a violência contra o seu próprio gênero? Ocidente e oriente são mesmo realidades que não se misturam.
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