Saturday, April 30, 2011

Very british!

 


Well...

já que a IstoÉ já está nas bancas, reproduzo aqui, uma versão menos condensada, da matéria que fiz para a revista ao lado de Paula Rocha sobre o casamento de Kate e William. (Desculpem aqueles que não aguentam mais falar do assunto. Mas eu gosto do momento histórico, além de me divertir).

Discute um pouco a questão do casamento e da monarquia, tão fora de moda, que ainda atrai tanta mídia e público.

No início da semana que vem, coloco no ar a sessão frufru do casamento, sobre o vestido, jóias, etc.

Abaixo, tem o link de uma matéria anterior ao casório que fizemos para a revista com o perfil da princess.

Vale pra quem se diverte com assuntos ligados à releza.





O casamento da plebeia e do príncipe


Ao se unir no evento mais midiático da história, o casal imprimiu personalidade e trouxe novos ares a duas instituições fora de moda: o casamento e a monarquia


Na manhã da sexta-feira 29, o mundo parou para assistir à união real da plebéia Kate Middleton e do príncipe William de Gales, ambos de 29 anos. De mãos agarradas com o pai, o empresário Michael Middleton, ao som do hino “I was glad”, de Charles H. Hastings Parry, a noiva parecia flanar em seu longo trajeto pela nave gótica da Abadia de Westminister, no coração de Londres, ao encontro de seu príncipe encantado, filho da princesa Diana e do príncipe Charles e o segundo nome na linha de sucessão ao trono britânico. Linda e serena, apesar de ligeiramente nervosa, a mais nova princesa britânica escolheu um vestido assinado pela estilista britânica Sarah Burton, ao estilo princesa moderna. Ela não abriu mão das rendas, do véu e da cauda longa, mas optou por versões fashionistas e quase minimalista deles. Com os longos cabelos castanhos soltos, ela usava uma poderosa, porém discreta, tiara Cartier de 1936, que pertenceu à Rainha-Mãe. William, de acordo com o protocolo, usava trajes militares na cor vermelha. O ponto alto foi o inédito beijo do casal, na sacada do Palácio de Buckingham, onde houve recepção aos convidados. Kate e William, sempre discretos, nunca haviam sido flagrados na intimidade. E apesar de protagonizarem dois tímidos selinho (dois, na verdade), causou frisson na plateia. 
A abadia abrigou 1900 convidados, entre membros de outras famílias reais e celebridades próximas do casal, como David e Victoria Beckham –usando um elegante vestido azul desenhado por ela –, o cantor Elton John e o comediante Rowan Atkinson, o Mr. Bean, grande amigo de Charles. Lá fora, um milhão de pessoas se espremiam pelos parques e ruas de Londres para acompanhar de perto o trajeto da plebeia rumo à igreja, e o seu retorno ao Palácio de Buckingham, já transmutada em princesa e ao lado do marido à bordo da carruagem real. Dezenas de telões transmitiam ao vivo a cerimônia, que durou cerca de uma hora e empolgou os curiosos, que sacudiam bandeiras britânicas. Britânicos e turistas – pelo menos 300 mil a mais do que no mesmo período do ano passado – já acampavam em frente à abadia, à avenida The Mall (por onde o casal real desfilou) e em parques como o Hyde pelo menos três dias antes do evento. Nem mesmo a temperatura baixa, cerca de 10ºC, afastou os curiosos. Além disso, estima-se que, conforme o previsto, 2,4 bilhões de pessoas assistiram à união pela tevê, internet e rádio – trata-se de 35% da população mundial.
Mas, afinal, por que um evento que une duas instituições tão fora de moda, o casamento e a monarquia, ainda provocam tamanho fascínio em tanta gente? Ambas instituições não são mais a metade do que costumavam ser. Os matrimônios são cada vez mais raros e duram cada vez menos tempo em boa parte dos países ocidentais desde que, há 50 anos, as mulheres queimaram seus sutiãs e partiram ao trabalho. No Brasil, o índice de matrimônios cresceu quase imperceptivelmente na última década, enquanto as taxas de divórcio triplicaram no mesmo período. Na Inglaterra, terra do casal real mais famoso do mundo, o número de uniões é o menor desde 1895. A monarquia em geral, por sua vez, não tem o mesmo poder, glamour e riqueza que tinha antes e muitos temem a sua extinção.
Os especialistas arriscam algumas respostas para explicar o frisson em torno do casamento. A primeira está relacionada ao sonho o qual muitos nutrem de viver um conto de fadas. A história de Kate e Wiliam é um conto de fadas especialmente interessante porque une tradição e contemporaneidade como nenhum outro. É uma história de amor moderna, atual, possível. Afinal, ela sonhava com ele desde a adolescência. Eles se conheceram na universidade e moraram juntos. E ele trouxe a amada para o coração da família real mais midiática do planeta apesar de ela não ter sangue azul. Kate é a primeira plebeia em 350 anos a entrar para a família real britânica e a primeira em toda a história a adentrar pela porta da frente – ou seja, com a benção de monarcas e súditos. A última união entre um membro da realeza e uma representante do povo foi em 1660, quando o Duque de York, depois James II, se uniu a Anne Hyde, uma camareira grávida acusada de ter se envolvido com metade da corte, e protagonizou um dos maiores escândalos da monarquia britânica.
Além de Kate não ter sangue azul, ela é a primeira a ter um diploma de curso superior, ter trabalhado fora e não ser virgem (o casal divide o mesmo teto desde 2003). Até pouco tempo, mais especificamente até o casamento dos pais de William, a princesa Diana e o príncipe Charles, em 1981, o protocolo da família real britânica consistia em exigir provas de que a noiva era imaculada. Há quem diga que Diana teve de se submeter a um teste de virgindade antes de se casar com Charles. O objetivo de tal procedimento é resguardar a corte e à coroa de um possível filho bastardo. À Kate não foi exigido tal teste. “A monarquia está entre as instituições mais conservadoras e tradicionalistas do mundo”, diz o sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UNB) Marcello Barra. “Mas, teve de se livrar de pensamentos do passado e se modernizar para que não perdesse totalmente a sua credibilidade”.
A modernidade da princesa, e consequentemente a da monarquia britânica, dá ao termo “conto de fadas” uma nova conotação. “Kate se comporta como a maioria das mulheres de classe média de países ocidentais”, diz Eduardo Oyakawa, professor de filosofia do curso de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Isso faz com que as mulheres se identifiquem mais facilmente com a sua história e queiram saber tudo sobre seu conto de fadas. Kate é um modelo possível”. Com tais flexibilidades, o tão almejado “felizes para sempre” pode ser alcançado com mais facilidade também entre membros da realeza. Afinal, só assim, o príncipe pôde escolher com inédita liberdade a mulher para viver ao seu lado.
         Outra explicação para tamanho fascínio do público é a aura de poder, glamour e riqueza que ainda paira sobre o Palácio de Buckingham. “Luxo, pompa e circunstância são ingredientes que sempre provocaram a curiosidade e a imaginação das pessoas”, diz Oyakawa. “Nós imaginamos como é viver numa classe ociosa, com empregados à disposição e jantares refinados”. Apesar de a monarquia na Europa ser uma instituição frágil, a britânica não poder ser considerada meramente decorativa como algumas outras no mundo. “A monarquia na Inglaterra é uma instituição muito respeitada e exerce poder político e religioso”, diz Oyakawa. Pouca gente fora do Reino Unido sabe, por exemplo, que a rainha Elisabeth II tem o poder de pedir a destituição do parlamento britânico e do primeiro-ministro caso queira. Por outro lado, outras monarquias como a sueca perderam seus poderes ao longo dos anos. Nesse contexto, é impossível negar que o interesse do público pelo casamento real é estimulado pela cultura de celebridade, cujo ápice vivemos hoje. O fato de o casal ser do tipo “certinho” não atrai tantos curiosos. Mas, sem dúvida, a beleza da noiva (e seu estilo que já vem sendo elogiado e copiado dentro e fora da Grã Bretanha) contribuiu para as atenções voltadas às tevês, internet e rádio antes e durante o casório. 
         Se comparado ao casamento de Diana e Charles, a união de Kate e William foi mais minimalista – o que foi de bom tom em tempos de crise e que repudia ostentações. Diana se casou numa igreja maior (Catedral de St. Paul), usou um vestido cuja cauda era quase quatro vezes maior e convidou mais gente (foram 2500 convidados). Só o número de policiais nas ruas que superou a união de Lady Di. Para evitar atentados terroristas e manifestações anarquistas, 5 mil homens fizeram a segurança do evento. Bem ao estilo britânico, a cerimônia correu conforme o previsto – ou seja, extremamente protocolar, sem gafes ou surpresas. Kate e sua família, devidamente preparados, não fizeram feio. Ao lado de Michael, a mãe, Carole, e os irmãos Pippa (madrinha) e James (que fez um discurso sobre tolerância na Abadia) estavam impecáveis. Diferentemente de Diana, que em seu casamento com Charles, trocou a ordem dos nomes do noivo, Kate demonstrou concentração, seriedade e controle emocional, sem parecer antipática. Com a chegada do casal ao Palácio, onde houve recepção para cerca de 600 convidados (à noite, o príncipe ainda ofereceu um jantar para 300 amigos), a princesa e o príncipe (que receberam o título de duquesa e duque de Cambridge, após o casamento) se permitiu relaxar longe dos olhares do mundo. Enquanto isso, os súditos da rainha seguiram aos pubs locais. Afinal, era feriado em Londres e todos queriam festejar. Very british.

Wednesday, April 27, 2011

Baby mania


Para quem tem filho, ou gosta de bebês, uma dica preciosa: assista o documentário Babies (Thomas Balmès).

Trata-se de um doc sobre o primeiro ano de vida de quatro bebês em quatro cantos do planeta, dos mais populosos aos mais remotos. A americana de São Francisco Hattie, o mongol de Bayanchandmani Bayar, a japonesa de Tokyo Mari e o namíbio de Opuwo Ponijao (o meu favorito, por me lembrar o pequeno Kiriku, da animação Kiriku e a Feiticeira, do francês Michel Ocelot).
Cada um com o seu entorno (pobre ou confortável), com o seu cenário (natural ou industrial), com seus pais (presentes ou não) e com seus irmãos (ou não), é bom vê-los fazer as primeiras descobertas e dar os primeiros passos na vida. Tão distantes, mas tão parecidos.

O doc quase não tem diálogo. Mas, a fotografia, a trilha sonora e a edição são muito boas. Outro espetáculo à parte é a casa e o quintal sem fim de Bayar na Mongólia (que lugar é esse?!). Mas só dá pra ver quem gosta de bebês. Eu assisti com o meu marido e o meu filho de 4 anos, que se divertiu muito vendo os bebês se virarem. Ou seja, programa família do início ao fim.   

*Sou meio ignorante digital, mas sei que é possível baixar o filme no site de downloads mais próximo de você. Quem baixou pra mim foi o sempre solícito colega de IstoÉ João Lóes, que me garantiu que é dois palito.

Tuesday, April 26, 2011

Cristiana Oliveira: do lixo ao luxo


(Aatriz na pele da presidiária casca grossa: MEDA!)

Noveleira assumida que sou, preciso comentar a atuação de Cristiana Oliveira como Araci em Insensato Coração da Globo. Desde Juma, de Pantanal, saudosa novela da extinta TV Manchete, ela não mandava tão bem.
Araci é uma presidiária sapatão casca grossa, muito convincente, por sinal - do tipo "tire as crianças da sala já!". Para encarnar a bruaca, Cristiana fez o que poucos atores brasileiros tem coragem de fazer, especialmente em novelas: mergulhar de corpo e alma no personagem. No caso dela, isso significou:
- Pesquisar a fundo o universo insalubre dos presídios brasileiros por mais de um ano
- Ganhar 15 quilos - ainda mais ela, que tem histórico de sobrepeso e estava super em forma
- Passou longe da manicure e do cabeleireiro durante o tempo que esteve filmando (cerca de um mês)
- Recorreu a tattos no melhor estilo cadeia
Pena que ontem Araci rodou na mão de Norma, a também ótima Glória Pires. Valeu! Achei engraçado saber, por meio de uma entrevista de Cristiana, que ela vai aproveitar o fim de Araci para passar uma temporada na Itália e na França.
Na melhor versão, do lixo ao luxo.

Monday, April 25, 2011

A paz é o começo


(A video-instalação)



(E a ilha-coração. Porque revê-la faz bem pro: coração!)    

Nesse feriado de Páscoa, fui à mostra "6 bilhões de outros", do fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, no Masp. O Arthus-Bertrand é o mesmo do livro e documentário "A Terra Vista do Céu", da imagem da ilha em formato de coração.
Ele fez 5.300 entrevistas em todo o mundo, dos confins do Afeganistão, ao interior da África, passando pelo Brasil, sobre questões do cotidiano, sentimentais e existenciais - daquelas que parecem bobas mas são as que realmente importam nessa vida. Ele também questiona sobre questões ambientais - sobre as transformações que cada um notou no planeta (é, como se pode imaginar, worry).
A entrevista tem 40 perguntas. Entre elas: "Qual é a sua lembrança mais antiga?", "Qual seu sonho de infância?" e "Qual o seu sonho hoje?".
Ao percorrer os corredores do Masp, ouve-se relatos íntimos, profundos, leves, pesados. Ouve-se muitas gargalhadas, é claro. Mas, vê-se muitas lágrimas, angústias, tristezas com esse mundo que vivemos. A maioria dos relatos fala de guerra. Gente que viveu em locais marcados por conflitos, gente que ainda vive, gente que teme viver, gente cujos antepassados viveram. Tive a impressão de que o ser humano em geral é um sujeito que sofre demais. Claro que pelos atos de outros seres humanos ou de si mesmos. Mas, a principal voz, dentre essas 6 bilhões de vozes, pedia desesperadamente por PAZ. É verdade, viver em PAZ é o básico. Afinal de que vale ter saúde se não há paz? De que vale ter um emprego bom, um casamento feliz e filhos saudáveis se não há paz? Melhor: é possível ter coisas assim sem ter paz? Como ser feliz com o fantasma da morte à espreita?
Me marcou muito o relato de um homem árabe simples, um paquistanês, se não me engano. Uma das perguntas é "que mensagem gostaria de deixar?". Ele diz que todos os homens fazem parte da mesma família, que cada dedo das mãos representa um continente e que devíamos nos tratar como tal. Ele tem tanta razão. Achei simples, mas genial. Apesar de burro, interesseiro e até mesquinho, o homem também sabe ser genial.

* Em tempo:
A video-expo não chega a ser o melhor passeio para as crianças. Mas ainda assim vale a pena - afinal, é uma ode à diversidade. É uma oportunidade e tanto para mostrar a elas que, apesar de diferentes, somos todos iguais. É divertido e colorido ver o estilo, as roupas típicas, os adereços exóticos de cada povo. Tive a estranha sensação de que a globalização ainda não percorreu os 360 graus do globo. Que bom!

Thursday, April 14, 2011

O que acontece?

Mais uma notícia na linha "a humanidade é mesmo algo que não deu certo".
A reportagem da UOL de hoje é chocante:

Apologia a crimes como o massacre no Realengo (RJ) ganha força na internet

E, o meu filho de quatro anos, me pergunta hoje:
"Mamãe, por que tem gente má no mundo?"
Eu, que sempre me esforço para responder as suas perguntas complexas, só consegui dizer que "não sei".

Wednesday, April 13, 2011

É mulher? Então, mata!


Depois de Realengo e outros vários crimes estúpidos que tenho lido de lá pra cá, tenho a sensação de que a humanidade é algo que deu errado mesmo. Como diz um colega meu de trabalho, dá vontade de dar um "restart" e começar tudo de novo do zero.
Uma reportagem de hoje do "The New York Times" revela que mulheres indianas estão sendo assassinadas simplesmente por serem mulheres. A tecnologia, que permite à família saber o sexo do bebê ainda na barriga da mãe, tem provocado uma onda de abortos quando o feto é de menina. Ter filha mulher na Índia significa ter de pagar um valor alto de dote para lhe conseguir um marido e parar de ter despesas com ela. E detalhe: a tendência mórbida atinge todas as castas e classes sociais.
A mesma reportagem mostra que mulheres, grávidas ou não, vem sendo mortas e espancadas por causa de dote. Já existe, inclusive, um terno para esse tipo de crime: "morte por dote". Acontece quando a família do marido quer mais dinheiro e não consegue. Diz que o crime é tão banal que deixou de ser noticiado. Virou (pasmem) pauta batida, corriqueira, sem importância.
Pára tudo que eu quero descer!    

Monday, April 11, 2011

A proibição do véu na França


Hoje foi o primeiro dia da proibição do uso do véu islâmico na França. E, duas mulheres foram presas usando o niqab - aquele que cobre o rosto e só deixa os olhos de fora. A polícia diz que as deteve porque elas protestavam sem autorização prévia da prefeitura local. Mas, eu acredito, e não sou a única, que o motivo da prisão foi a ousadia que elas praticaram. Uma ousadia enorme, visto que são mulheres árabes lutando por seus direitos - ou por sua ausência de direitos. Ai, complexo... Imaginem: apesar da lei, elas foram às ruas exigir a liberdade de usar o véu num país não-árabe.
Com a lei, a mulher muçulmana que usar qualquer tipo de véu será multada em 150 euros (ou R$ 345) e quem a obrigá-la terá de desembolsar até 30 mil euros (R$ 68 mil) e poderá amargar até 1 ano de prisão.
É até engraçado falar em "liberdade de usar o véu". Afinal, para nós ocientais, não tem nada que inviabilize mais a liberdade de uma mulher, de ser e de fazer o que quer, do que andar enrolada em panos. Além disso, eu me pergunto: essas mulheres estavam lá porque queriam ou por livre e espontânea pressão de seus pais, irmãos e maridos?
Lendo o livro de uma escritora árabe dia desses, eu soube que muitas mulheres árabes que residem em outros países têm escolhido usar o véu como maneira de exigir respeito, como uma forma de protesto. Ou seja, isso seria uma opção delas, uma bandeira a se defender. É como se dissessem "somos diferentes, temos a nossa identidade, por mais problemática que seja, e vocês devem nos aceitar. Estamos aqui e não vamos ser o que não somos". O uso espontâneo do véu teria aumentado após os atentados terroristas de 11 de setembro.
Quando o assunto é o véu islâmico, penso como os franceses - um plebiscito no ano passado revelou que 57% deles eram a favor da lei que proíbe o véu. É complicado um país que se diz ancorado na "liberdade, igualdade e fraternidade" tolerar o uso de um símbolo da submissão feminina.
Mas, continuo lamentando a situação dessas mulheres. Como podem ir às ruas em nome de algo que representa a violência contra o seu próprio gênero? Ocidente e oriente são mesmo realidades que não se misturam.    

Wednesday, April 6, 2011

Crianças noivas


(Legenda da foto: essa garotinha da Arábia Saudita tem dez anos e foi obrigada pelo pai a se casar com um homem de 80)


Estou preparando uma entrevista com uma escritora árabe, devorando o livro dela, e fiquei chocada com o seguinte dado:

"O Centro Internacional de Pesquisa sobre a Mulher estima que exista atualmente 51 milhões de crianças noivas no mundo, e quase todas elas vivem em países muçulmanos"

Mais adiante, essa corajosa mulher reproduz as palavras do aiatolá Khomeini, um dos mais famosos sacerdotes islâmicos do século XX, extraídas de seu livro "Tahrir al-Wasila", sobre o assunto:

"O homem não deve ter relações sexuais com sua esposa antes de ela ter 9 anos de idade, seja de forma regular, seja de vez em quando, mas pode ter prazer sexual com ela, tocando o seu corpo, abraçando-a ou esfregando-se nela, mesmo que ela seja apenas um bebê. Se ele a penetrar sem a deflorar, não tem nenhuma responsabilidade por ela. Mas, quando o homem penetra e deflora um bebê (...), então deve ser responsável por essa criança enquanto ela viver."

São as palavras mais nojentas - e mais tristes - que já ouvi na vida.

Friday, April 1, 2011

Oi? Eu te conheço?


(Legenda da foto: Amiga da onça? Tô fora!)

Quando eu era adolescente e tinha uma porrada de amigos, o meu pai sofria seu banzo. "Quando a gente é jovem, temos muitos amigos. Depois, com o passar dos anos, eles se vão aos montes".
Eu achava esse tipo de comentário uma tristeza, e respondia pra mim mesma, sem que ele ouvisse: "tenho certeza de que quando eu tiver a sua idade terei um monte de amigos".
Hoje, tipo 15 anos depois, eu vejo que, em parte, o meu pai tinha razão. E que, diferente do que eu pensava, isso não é tão triste assim. É como no sexo, muitas vezes acontece de se perder em quantidade, mas se ganha em qualidade.
Sei que hoje, em tempos de redes sociais, blogs, etc, pega mal dizer que temos poucos amigos. Mas eu não ligo não. Mesmo. Porque os amigos que tenho, das antigas, e de agora, mais ausentes e mais presentes, são demais! Especiais, verdadeiros, sinceros, ponta-firme. São pessoas que não se afastaram de mim, nem mesmo quando sai do mercado, quando deixei de pegar balada todo dia, quando meu filho nasceu e a rotina apertou ainda mais.
Amigos vem, amigos vão, mas nada me assusta mais do que as grandes transformações. O que acontece quando aquela pessoa que te conhece tão bem, é tão presente, super parceira, tipo irmã, muda? De repente se transforma em algo que não tem nada a ver com vc? E pior, te agride de alguma maneira, seja sutilmente, seja na caruda? Bom, não tenho a resposta. Mas, amigos da onça, tô dispensando mesmo. Fui!