Wednesday, August 22, 2012

Uma pensata sobre a "hora da virada"




Nunca li nenhuma pesquisa científica a respeito, mas tenho a impressão de que é inerente aos humanos, em algum momento de suas histórias, o desejo de apostar num sonho, virar a chave, mudar de vida.
Ou de ao menos tentar - mesmo que nada disso se materialize. Só para experimentar o gostinho do bom e velho 'pagar pra ver', se sentir vivo, ter o controle das rédeas de seu destino...
Afinal, tem sensação melhor?

Geralmente a pessoa vai cozinhando aquela vontade por meses, anos, décadas...
É como se ela esperasse o ponto de ebulição exato, quando coragem e garra vêm à tona ao mesmo tempo, tipo "Super Gêmeos Ativar!"...
Quando a decisão ocorre, ela vem de dentro, louca, desbravadora... Ao mesmo tempo que sofre certa censura. Como se a consciência disesse "menos, um pouco menos, fulano"... É, sem dúvida, trata-se de algo que sai das entranhas, movida por uma necessidade única, pessoal e intransferível.

Aos 32 anos, posso dizer que minhas entranhas tiveram vida própria duas vezes.
Na primeira, em 2003, solteira e sem filho, cansada do trabalho e exausta de conviver com um certo alguém que não valia uma moeda furada, larguei tudo, peguei a grana da demissão e embarquei para uma viagem para a Índia (até então, um sonho tão antigo quanto improvável).
Fiquei três meses por aquelas bandas, conheci muita gente, abri a minha mente e voltei renovada. Feliz e plena.
Foi uma viagem de autoconhecimento, daquelas com "a" maiúsculo.

A segunda vez aconteceu agora, após muitos anos me arrastando numa rotina que não combinava com aquilo que eu queria para mim - como mulher, mãe e profissional.
Eram horas demais dedicadas ao trabalho e de menos para o resto.
Mas não era só isso que me incomodava: odiava ter que ter uma babá pra olhar o meu filho.
O mantra "faz parte da vida da mulher contemporânea" deixou de ser aceito, para virar motivo de rebeldia. (Mas isso vale outro post).

Deixei a redação de uma revista que muitos colegas gostariam de passar, em um ótimo momento profissional, para abrir a minha empresa e frilar. Ou seja, criei novamente asas da liberdade...
Mas, uma liberdade diferente da anterior.
Não pretendo sair viajando pelo mundo: quero ficar mais em casa, cuidando da minha empresa (rs) e da minha cria (entenda: buscando na escola, fazendo tarefa, cuidando do machucado no joelho, ouvindo seus lamentos sobre os amigos que não foram gentis no futebol e mais).

Acredito que, para a decisão dar certo, é preciso uma conjunção astral...
É fundamental ter alcançado o seu limite, estar bem-resolvida, sentir-se forte, ter apoio e muita sorte...
Eu agradeço a força que tive do meu marido (em especial), meus sogros, pai e amigos - que são fundamentais até hoje no sucesso dessa minha nova fase.
Eles acreditaram no meu sucesso até mesmo quando eu duvidava dele.